30.10.23
O lixo é um problema global que afeta não apenas as cidades e comunidades locais, mas também o nosso planeta como um todo. A produção de resíduos, especialmente resíduos sólidos, está aumentando de forma alarmante, causando sérios impactos no meio ambiente e na saúde pública.
Neste blog, vamos mostrar como a colaboração entre universidades, indústria e governo têm se tornado fundamental na busca por soluções que possam minimizar os efeitos negativos do excesso de lixo e do seu descarte inadequado.
Um estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) mostra o Brasil em 4° lugar no ranking de países que mais produz lixo no mundo com mais de 11,3 milhões de toneladas anuais, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.
Essa produção desenfreada de lixo gera impacto ambiental, social e também econômico. O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) mostra que o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano ao descartar equivocadamente materiais que poderiam ser reciclados.
O fato do Brasil estar entre os maiores geradores de lixo do mundo, mostra que o trabalho conjunto entre indústria, universidade e governo em prol da pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis, já estão auxiliando na árdua tarefa de enfrentar o problema do lixo e a necessidade de transformá-lo em recursos valiosos, como a energia limpa.
Em Santa Catarina, um projeto inovador e desenvolvido a partir deste modelo colaborativo, foi instalado no Município de Mafra, no norte do estado, pioneiro no Brasil ao transformar o lixo em energia limpa. Conhecida como uma usina de geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU), o gaseificador foi construído estrategicamente ao lado do aterro sanitário do município; tornando esta solução para o meio ambiente uma realidade!
Em Mafra o modelo adotado para transformar lixo em energia foi a gaseificação. A usina funciona da seguinte forma: os resíduos coletados na região são direcionados para a usina, onde passam por um processo de triagem e preparação. Em seguida, são introduzidos no gaseificador, onde o lixo é transformado em gás sintético.
Esse gás, depois de combusto a 1200 Cº, vai para uma caldeira e um conjunto turbogerador, onde a mágica acontece: a energia limpa é gerada e, após a transformação, é injetada diretamente na rede elétrica local.
A Usina tem capacidade para produzir 2,7 megawatts-hora diariamente, o suficiente para abastecer o consumo elétrico equivalente a 10 mil residências. Um passo significativo na direção de uma matriz energética mais sustentável e limpa.
Esta usina de transformação de lixo em energia limpa não oferece apenas a promessa de eletricidade mais sustentável, mas também traz uma série de benefícios adicionais. Um deles é a redução drástica na quantidade de cinzas geradas a partir da queima de resíduos.
Apenas 100 quilos de cinzas são produzidos a partir da queima de uma tonelada de resíduos, o que diminui significativamente o volume de resíduos que precisam ser descartados em aterros sanitários.
Outro aspecto notável é a capacidade de prolongar a vida útil dos aterros. No caso de Mafra, a vida útil do aterro sanitário aumentou para aproximadamente 30 anos graças a essa tecnologia. Normalmente, o aterro teria uma vida útil de apenas 10 anos, mas ao transformar lixo em energia prolonga-se significativamente esse prazo.
Além disso, a adoção dessa abordagem evita a necessidade de criar novas áreas de descarte, uma vez que a usina passa a receber os materiais que anteriormente seriam destinados a aterros.
O Gaseificador, também chamado de usina de geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU), começou a ser desenvolvida em 2012 pela Versa Engenharia, a partir da Eletrogyx, em uma parceria com a H2ON. Já a tecnologia usada no gaseificador, foi desenvolvida pela Energia Limpa do Brasil e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligado ao Governo Federal.
A estrutura está em fase inicial de operação e a Versa já estuda a implantação de outras 5 usinas de reaproveitamento energético de resíduos, que irão transformar lixo em energia limpa em áreas localizadas em Santa Catarina e no Paraná.
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